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Prá lá de Marrakesh, o mundo é outro!

Marrakesh é uma das cidades mais antigas de Marrocos e, ao mesmo tempo, a que mais recebe visitantes conectados à modernidade. Por suas vielas, praças e mesquitas, é marcante toda a riqueza da cultura islâmica, que se traduz, não apenas nas manifestações explícitas de fé, mas nas cores, sons e aromas.

É praticamente inevitável para o brasileiro não se lembrar da música “Qualquer coisa” quando se depara com a palavra Marrakesh. “Esse papo já tá qualquer coisa / Você já tá pra lá de Marrakesh”…. São várias as especulações quanto ao que o compositor quis dizer com estes versos, mas a interpretação mais plausível é a de que estar “prá lá de Marrakesh” significa estar completamente fora de nossa realidade ocidental-cristã. E é exatamente este ambiente que o visitante encontra ao percorrer esta cidade, a segunda maior de Marrocos, com quase um milhão de habitantes.

Marrakesh deriva da expressão Mar Akush, que, no idioma original dos berberes (os beduínos nômades que por séculos habitam as áreas desérticas do norte da África), significa “terra divina”. Marrakesh é uma das grandes cidades do mundo islâmico, não só pela grande quantidade de muçulmanos mas, principalmente, pela forte e preservada arquitetura — o centro histórico é considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco desde 1985.

A experiência mais marcante que um estrangeiro pode ter em Marrakesh é visitar os souks, tradicionais mercados onde se vende praticamente de tudo: roupas, artigos para decoração, artefatos de cozinha, alimentos — destaque especial para a profusão de temperos, dos mais variados tipos, sabores, cores e aromas.

Perambular pelas ruas estreitas, sinuosas e lotadas dos souks de Marrakesh é saborear uma verdadeira explosão de sentidos!

Mesquitas imponentes

A presença da religião na vida dos marroquinos é extremamente forte. Praticar a fé não se limita apenas a reverenciar Alá, e ler o Alcorão, mas seguir à risca os preceitos transmitidos por Alá, o maior de todos os profetas: nas condutas pessoas e regras de convivência, no modo de se vestir, nas regras para alimentação.

Para o cristão desavisado, que pratica a sua religiosidade quase que burocraticamente, é um verdadeiro choque cultural. Os muçulmanos seguem o que estabelece seu livro sagrado à risca, sem nenhuma concessão.

Assim, é cena comum marroquinos lendo o Alcorão em plena rua, as mulheres com roupas que lhes cobre praticamente todo o corpo (apesar do extremo calor, que chega fácil aos 40 graus) e as cinco orações diárias que cada muçulmano faz, os chamados salás, sempre voltado para Meca. Durante o Ramadã (o novo mês do calendário lunar islâmico) os fiéis não comem enquanto o sol estiver brilhando.

No islamismo, jejuar representa um processo de renovação e intensificação da fé. A palavra deriva do árabe “ramida”, que significa “ser ardente” — coincidência ou não, o Ramadã acontece na época mais quente do ano. As crianças não o fazem e o início de sua prática marca a transição da infância para a fase adulta.

A fé islâmica é onipresente, mas é nas mesquitas que as demonstrações são mais visíveis, pela intensidade e quantidade de pessoas que reúnem. Não-muçulmanos são terminantemente proibidos de entrar em uma mesquita —com raras exceções em uma ou outra, abertas em horários específicos para visitação turística.

— E se eu me passar por muçulmano e tentar entrar?— pergunto ao meu guia, Ahmad.

— Mas você fala árabe? — ele responde, com outra pergunta, deixando claro que quem fizer isso certamente terá problemas.

Mesquita de Koutoubia

Há quatro grandes mesquitas em Marrakesh. A maior de todas é a Mesquita de Koutoubia, uma construção do século 12. Localizada próxima à Praça Jemaa el-Fnaa (a principal da cidade), possui 60 metros de comprimento e 80 metros de altura – seu minarete (torre) possui 77 metros, tendo no topo bolas de cobre douradas que diminuem de tamanho em direção à ponta. É possível ver o minarete de Koutobia, ou Kutubiyya a até 30 quilômetros de distância. Sua arquitetura inspirou a construção de outros templos religiosos, no Marrocos e até outros países.

Ben Youssef

Primeira mesquita construída em Marrakesh (foi concluída no fim do século 11), originalmente para ser uma mesquita congregacional, isto é, para preparar os sacerdotes (mulás). Leva o nome do emir responsável sua construção Yusuf Ibn Tashfin, que teria se envolvido pessoalmente na obras, misturando argamassa e colocando tijolos. Foi um dos primeiros edifícios da cidade feitos com tijolos. Tem uma base retangular de 120 metros por 80 metros e um minarete de 30 metros de altura, mas o que mais chama a atenção são as paredes com azulelos com belos formatos geométricos e coloridos e os pisos de mármore.

Jemaa el-Fnaa

Provavelmente, o primeiro e grande impacto que o visitante de Marrakesh irá experimentar na cidade é ao chegar à praça Jemaa el-Fnaa. Dezenas de barracas e centenas de ambulantes, artistas, encantadores de serpentes, adestradores de macaco… a fauna neste quadrilátero rodeado por restaurantes, hotéis, o souk El Kessabine        e a Mesquita de Koutoubia é diversa! Prepare-se para o incômodo assédio dos vendedores de coisas (sucos, doces, frutas secas, tapetes, tagines, esculturas, tatuagens temporárias, fotos com animais), muitos deles com grande agressividade. Fique calmo, mas atento, e aproveite as novidades!

Souks

A parte histórica de Marrakesh é recheada de vielas estreitas e movimentadas (pedestres, bicicletas e motos), onde uma profusão de lojas vendem os mais variados produtos: desde quinquilharias vindas diretamente da Ásia a produtos artesanais que remetem à cultura milenar marroquina. Denominados souks, são verdadeiros pontos de encontro de moradores e uma divertida atração para turistas. Antigamente, os souks se dividiam por tipo de produto comercializado. Havia um destinado apenas a artigos em couro, outro para especiarias, um terceiro para tapetes… Com o passar do tempo, ainda que alguns mantenham a especialização em determinados produtos, a grande maioria deles acaba vendendo praticamente as mesmas coisas. Existem excelentes opções: louças, tapeçaria, roupas, bules, joias, doces, alimentos, temperos…

Nesta mistura de modernidade com tradição, uma coisa permanece: o ato de pechinchar, um divertido exercício de negociar o valor da mercadoria, que tanto pode levar intermináveis segundos quanto, após várias trocas de ofertas, ser decidida rapidamente.

Souk Semmarine- Um dos maiores e mais variados

Souk Ableuh- Limões, pimentões, alcaparras, picles, azeitonas verdes, vermelhas e pretas e hortelã

Souk Kchacha- frutas secas e castanhas, incluindo tâmaras, figos, nozes, castanha de caju e damasco

Rahba Qedima- Tecidos à mão cestas, perfumes, chapéus, lenços, camisas

Criee Berbiere- Tapetes, entre eles os berbere

Souk Siyyaghin- jóias

Souk Smata- Babouches (típico sapato marroquino) e cintos

Souk Cherratine- Artigos de couro

Souk Belaarif- produtos tradicionais e quinquilharias modernas

Souk Haddadine- ferragens e lanternas.

SAIBA MAIS:

Em fotos, toda a beleza particular de Marrakesh

O que significa "prá lá de Marrakesh"?

Marrakesh, Morocco

“Esse papo já tá qualquer coisa / Você já tá pra lá de Marrakesh” são versos da canção “Qualquer coisa”, de Caetano Veloso e remete a uma das mais importantes cidades históricas do Marrocos. A interpretação mais plausível é a de que estar “prá lá de Marrakesh” significa estar completamente fora de nossa realidade ocidental-cristã, o que deixa a pessoa desnorteada.

O que quer dizer "prá lá de Marrakesh"?

Marrakesh, Morocco

O cantor Caetano Veloso compõs a música “Qualquer coisa”, com os versos “Esse papo já tá qualquer coisa / Você já tá pra lá de Marrakesh”, citando uma das mais importantes cidades históricas do Marrocos, para indicar que uma pessoa que está “prá lá de Marrakesh” está completamente desnorteada, fora de si.

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