Nem tudo que está na internet é verdade
Nem tudo que está na internet é verdade, muito menos o Cavapato
Sociedade

Como se proteger das Fake News

“Na guerra, a verdade é a primeira vítima”. A frase, atribuída a Ésquilo (filósofo grego que morreu há 2.500 anos), se aplica muito bem aos dias atuais, quando a campanha eleitoral ganhou contornos de batalha.

Mentiras, boatos e especulações sempre estiveram presentes em disputas eleitorais — desde o sujeito que entrava no ônibus e começava a caluniar determinado candidato aos panfletos anônimos com injúrias espalhados às vésperas dos dias de votação. A grande novidade deste ano é a propagação incontroláveis de mensagens pela internet.

Sites não confiáveis, páginas e perfis no Facebook fajutos divulgam uma quantidade assustadora de bobagens. O Facebook retirou de ar 196 páginas e 87 contas, por propagarem desinformação —a grande maioria delas ligadas ao Movimento Brasil Livre (MBL).

Preocupado com a disseminação de mentiras, o Google desenvolveu ferramentas para ajudar o usuário a identificar as chamadas “Fake News”. Além disso, mudou o seu sistema de buscas para apresentar primeiro resultados com mais credibilidade, seguindo critérios da International Fact-Checking Network (entidade que combate a propagação de notícias falsas).

No entanto, o grande problema é a divulgação de mentiras pelo aplicativo WhatsApp, que não possui qualquer intermediação entre emissor e receptor. Por impulso, contaminada pelo calor do debate político polarizado, a pessoa compartilha a mensagem, sem se preocupar com sua veracidade.

A Polícia Federal tem mecanismos para identificar a origem e a autoria de Fakenews, e de certo modo rápido. Mas, ainda assim, a divulgação das mentiras sempre provoca grandes danos. A produção e disseminação de injúrias, calúnias e difamações pela internet não estão fora do alcance da Justiça — nestes casos, as desculpas de “me passaram” e “achei que era verdade” não colam.

Uma terra fértil para mentiras

O Brasil é um terreno fértil para a propagação de informações fajutas. É o quarto país com mais gente conectada à internet — são 116 milhões de pessoas. Só perde para China (1 bilhão), Índia (337 milhões) e Estados Unidos (272 milhões). 49% dos brasileiros acessam pelo celular. Destes, 53% passam em média 6 horas por dia conectados.

Vários levantamentos indicam que a capacidade de discernimento do brasileiro é péssima. Um estudo do Instituto Ipsos colocou o Brasil no segundo lugar do ranking de países sem noção da própria realidade.

A ignorância é um problema que afeta não apenas as camadas mais humildes da população, mas também as chamadas elites. O exame do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) revelou que a maioria esmagadora dos médicos recém-formados não foram capazes de interpretar uma mamografia ou diagnosticar diabetes. Já na prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), apenas 15% dos formados em Direito foram aprovados na primeira fase.

Tem mais: estudo encomendado pelo ONG Ação Educativa revela que 3 de cada 10 brasileiros são analfabetos funcionais, ou seja, leem um texto mas não entendem seu significado.

Como identificar Fake News:

1. Use o desconfiômetro- Notícias falsas buscam causar indignação e, para isso, procuram trazer conteúdos absurdos. Desconfie!
2. Confira a procedência- Se a informação não identifica a fonte (notícia de um jornal ou TV, artigo de um especialista, pesquisa científica), ignore.
3. Verifique a credibilidade da fonte- Veja se, primeiramente, ela existe. Há vários casos de “professores da USP” e “pesquisa da Harvard” inexistentes. Caso positivo, veja se ela realmente se manifestou sobre o assunto. Se sim, certifique-se de que ela tem autoridade para falar sobre o tema. Muito cuidado com sites criados exclusivamente para propagar Fake News.
4. Veja a data- Caso seja o compartilhamento de uma notícia de jornal, site ou TV de credibilidade, preste atenção na data da publicação.
5. Manipulações- Cuidado com edições, trucagens, cortes, áudios atribuídos a pessoas famosas.
6. Procure ajuda- Consulte sites especializados em checagem de dados: boatos.org, fakeounews.org, Fato ou Fake, do G1.

Para agir com sabedoria:

1. Se você tem dúvida da veracidade, não passe adiante! Caso contrário, além de ajudar a disseminar uma mentira, você torna-se corresponsável pela sua difusão e, portanto, sujeito às penalidades previstas nos códigos Penal e Civil.
2. Se você conseguiu comprovar que o conteúdo é falso, avise quem o encaminhou. Como os ânimos estão acirrados, seja educado, com mensagens do tipo “Não precisamos de mentiras para apoiar nosso candidato”.
3. Não saia de grupos nem rompa amizades por causa do debate político. Se a pessoa compartilhou num grupo uma “fake News” alerte todo o grupo e não apenas a pessoa que enviou a mentira.

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