Calendário Pirelli 2024
Sociedade

Calendário Pirelli 2024 destaca obra de artista visual africano

O Calendário Pirelli 2024 apresenta imagens concebidas por Prince Gyasi, artista visual de Gana, que decidiu homenagear pessoas que inspiram gerações futuras. A coleção recebeu o título de Timeless (em português, “Atemporal”).

“Não nascemos ‘atemporais’, mas nos tornamos”, diz o artista visual de Gana, explicando que seus temas, fotografados com as cores vivas e os contrastes nítidos que o tornaram famoso, são para ele “como super- heróis, mas ao mesmo tempo familiares”.

O trabalho de Prince Gyasi marca a 50ª edição dos 60 anos de história do Calendário, de 1964 a 2024, levando em conta os anos em que não teve publicação. Ele, que tem 28 anos, é um dos artistas mais novos convidado pela fabricante de pneus a produzir seu calendário.

As fotos, áudio, vídeos e textos do Calendário Pirelli 2024 podem ser conferidos no site www.pirellicalendar.com

Naomi Campbell no Calendário Pirelli 2024

Após a cena inicial de um relógio explodindo, o visitante pode fazer uma viagem para dentro do “Timeless”, fotografia por fotografia, e explorar o projeto graças a um “guia” interativo com fotos dos bastidores, material detalhado e informações básicas.

O site www.pirellicalendar.com  está disponível em 90 países, em 68 idiomas –

Personalidades negras

O destaque do Calendário é Sua Majestade Otumfuo Osei Tutu II, Rei do histórico Império Ashanti da África Ocidental, e sua delegação real, fotografada no Palácio Manhyia sob o título de “Royalty” (Realeza).

Amanda Gorman e Margot Lee Shetterly no Calendário Pirelli 2024
Amanda Gorman e Margot Lee Shetterly no Calendário Pirelli 2024

A atriz americana Angela Bassett representa “Altruistic” (Altruísta); a escritora Margot Lee Shetterly e a poeta Amanda Gorman são “The Blueprint” (O Projeto); e o artista contemporâneo ganense Amoako Boafo é “The Chosen One” (O Escolhido).

Gyasi dedicou um mês a si mesmo com o título “Details” (Detalhes). A imagem escolhida para a capa – e um dos meses – é do jovem Gyasi “Studious” (Estudioso), representado pelo modelo infantil Abul Faid Yussif.

Angela Basset no Calendário Pirelli 2024
Angela Basset no Calendário Pirelli 2024

Em um fundo turquesa brilhante, Yussif foi fotografado brincando com versões em miniatura de alguns dos itens que aparecem nas páginas do Calendário: como uma chave segurada por Bassett; pedaços de um relógio do cenário de Campbell; escadas cor-de-rosa escaladas por Gorman; uma mala azul carregada pelo “Man of Honour” (Homem de Honra), o ator, diretor, DJ e produtor Idris Elba.

A superestrela global e atriz Tiwa Savage é a “Resilience” (Resiliência); o escritor, diretor e produtor Jeymes Samuel é o “Visionary” (Visionário); o empresário e ex-jogador de futebol Marcel Desailly é o “Focus” (Foco); e a cantora, artista e atriz Teyana Taylor é a “Future Forward” (Futuro Adiante).

Otumfuo Osei Tutu II, Rei do histórico Império Ashanti da África Ocidental
Otumfuo Osei Tutu II, Rei do histórico Império Ashanti da África Ocidental, e sua delegação real

“Todas as pessoas fotografadas foram capazes de reconhecer suas habilidades e se destacar. Elas encontraram seu potencial, mudando seus destinos. Isso é o que significa ser atemporal. As pessoas que enfrentam desafios, não seguem o que a sociedade está pensando, não são influenciadas pela idade, fama ou dinheiro e desenvolvem seu próprio talento de maneira autêntica. Elas fazem coisas que parecem extraordinárias para muitos, mas que são normais para elas, e podem mudar seus destinos. Mesmo sem estar sob os holofotes, eles podem mudar a narrativa em seus campos ou fazer algo diferente e, por sua vez, inspirar outras pessoas”.

Uma volta à infância

Quando Prince Gyasi foi convidado para o Calendário Pirelli 2024, começou a pensar em quem gostaria que estivesse na edição e o que cada pessoa representava para ele, com base em seu próprio senso de comunidade da África Ocidental. Como um dos artistas mais jovens já chamados para assumir o The Cal, isso significou voltar à sua infância e a pensar nas pessoas que o inspiraram durante seus 28 anos.

Isso se tornou uma história sobre o que, na visão do artista, torna as pessoas “atemporais”, e Gyasi acredita que se trata, acima de tudo, de perseverança e integridade. Sobre a supermodelo Naomi Campbell, que aparece no Calendário com o título “Time Stopper” (Quem Para o Tempo) , ele diz: “Quando você olha para figuras como Naomi, ela não é da minha geração, mas ainda é um ícone para a minha geração. Isso só pode acontecer se você estiver comprometido com seu trabalho e suas crenças”.

Para o Calendário, o artista ganense colocou essas ideias em um manifesto dedicado “àqueles que querem ser atemporais”. Seu objetivo era incentivar as pessoas, principalmente os jovens, a aprender, criar e, por sua vez, inspirar a si mesmos. “Espero que eles entendam que podem fazer o que quiserem se se dedicarem e forem determinados o suficiente”, explica ele.

Planejamento meticuloso

Gyasi relata que planejou cada uma de suas imagens meticulosamente, compondo fotografias que mais parecem pinturas do que retratos. Ele escolheu cada pessoa com cuidado, elaborou a ideia do cenário e a projetou, antes que as renderizações fossem criadas e o cenário construído. Para a sessão de fotos do Calendário, o processo envolveu a criação de diversos elementos, desde um relógio derretendo até um coração vermelho gigante. “Eu sei como vou colocar o talento em minha tela”, diz ele. “Tudo é feito antes. Você sempre tem que pensar em um plano B, mas não gosto de fazer as coisas no momento, porque pode parecer um pouco confuso para mim.”

Com uma sessão de fotos em Londres, Gyasi optou por fazer uma segunda tomada em Gana para representar a cultura e os recursos naturais de seu país. “Gana é uma terra especial”, explica ele. “É a porta de entrada para a África, onde se pode encontrar de tudo: cacau, ouro, bauxita, petróleo… Eu queria levar a Pirelli para lá e revelar um novo mundo por meio de um Calendário que durará para sempre, talvez criando novas oportunidades de desenvolvimento.

“Depois de Botsuana, onde o Calendário Pirelli 2008 foi fotografado, é maravilhoso ir para outro país africano, descobrir sua cultura e conhecer as pessoas de lá. É o país mais pacífico da África. Acho que é um lugar especial e você sentirá sua energia quando estiver lá. Foi inspirador filmar lá no local e poder transmitir como o país funciona.

Prince Gyasi

Ao descrever sua jornada para se tornar um artista visual, Gyasi se baseia em uma série de lembranças e experiências de sua infância em Gana, desde os dias passados com seu avô músico até a colaboração com um fotógrafo de retratos nos mercados de Acra.

Ele costumava visitar estúdios de gravação e estações de rádio e TV com seus pais, que são músicos gospel.

Ele não estudou fotografia, mas sim artes na forma de pintura, criação de imagens, escultura e entalhe. E passava o tempo brincando com o software de desenho de seu computador descobrindo maneiras inovadoras de criar com ele. Seu objetivo era criar um estilo que as pessoas pudessem identificar rapidamente. “Criei uma ponte entre a pintura e a fotografia”, afirma ele. “Estou satisfazendo as pessoas que amam fotografia, estou agradando as pessoas que amam pintura, então estou criando uma nova ponte, que não chamarei apenas de fotografia, chamarei de arte.”

Embora tenha tido experiências com câmeras quando estava começando, Gyasi descobriu que um celular poderia ser a melhor maneira de registrar algumas de suas primeiras imagens. Ele tirou fotos de jovens no distrito de Jamestown, onde sua mãe nasceu e atualmente ele fundou uma organização educacional sem fins lucrativos chamada Boxed Kids. Suas fotografias contam histórias visuais que capturam a atmosfera e a vibração de sua comunidade, propondo sua narrativa sobre as tradições da África Ocidental.

Um elemento fundamental do trabalho de Gyasi são as cores. Ele emprega blocos de cores brilhantes e de forte contraste em suas imagens, muitas vezes colocando tons vermelhos, azuis ou rosas vivos ao lado das pessoas que estão sendo fotografadas. Sua estética ousada apresenta aos espectadores uma realidade hipercolorida, que às vezes é melhorada digitalmente, refletindo suas experiências do mundo filtradas pela sinestesia. Isso cria uma interação não convencional entre os sentidos, de modo que alguém pode “sentir o gosto” de uma forma ou “ouvir” uma cor. Para Gyasi, o fenômeno faz com que ele associe palavras às cores; por exemplo, ele vê as quartas-feiras como a cor verde-água. Ele considera seu trabalho uma “terapia por meio das cores” e acredita que as cores podem ter um efeito positivo na saúde mental e na felicidade das pessoas.

Gyasi adora arte, mas diz que tem uma paixão ainda maior pela música e pelo esporte, começando pelo futebol. No passado, ele foi DJ e jogador de futebol.

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