Evangélicos fazem arminha em culto
Evangélicos fazem arminha em culto, em sinal de apoio a Bolsonaro
Conversa DuraPolítica

A culpa é nossa. Ignoramos os ignorantes

Falhamos. Nós, miseravelmente, fracassamos na essencial tarefa de informar adequadamente a população, para que cada um percebesse a realidade como ela é, não como imaginam ou gostariam que ela fosse.

Nós, jornalista, cientistas, professores, “formadores de opinião” (seja lá o que isso signifique exatamente…) em resumo, os que estufam o peito para dizer que seu trabalho é “intelectual”, durante anos fizemos troça de quem não perdia uma “Banheira do Gugu”, vibra com programas policialescos sensacionalistas (o Datenismo), acompanha BBB, busca refúgio espiritual com charlatões do templo da esquina.

Assim como não há vácuo de poder, não há vácuo de ideias. Elas podem ser boas ou ruins, possuírem reflexo na realidade ou não, mas não existe conjunto vazio. Enquanto debochávamos da grande maioria do povo brasileiro, que busca conforto nestes produtores de conteúdo, eles cresceram, apareceram e agora influenciam decisivamente no pensamento nacional.

Ignoramos os pobres, rudes, marginalizados, excluídos e explorados. Em vez de jogar um colete salva-vidas, preferimos zombar do desesperado de quem tentava sobreviver com uma boia inflável infantil.

Foram abandonados à própria sorte, à mercê dos picaretas de ideias e valores — os vendedores de soluções simples para problemas complexos acolheram a turba de miseráveis, pois para eles, o bolsonarismo faz sentido.

Aos pobres de recursos se somaram os pobres de espírito, aqueles que sempre tiveram conforto e segurança desde o berço, mas preferiram o atalho da empáfia e preguiça intelectual.  

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Estas são as principais razões de o bolsonarismo estar tão forte e enraizado na vida brasileira. O bolsonarismo não representa o pensamento de uma única pessoa (até porque ela não tem capacidades intelectuais ou morais para estabelecer uma linha de raciocínio coerente). O bolsonarismo é um estado de espírito, um conjunto de preconceitos e ódios que existiam desde sempre, mas estavam ocultos, envergonhados, dentro do armário e agora ganharam coragem para se manifestar, sem decoro ou remorso.

A montanha de cadáveres, sequelados e esfomeados que a pandemia produz é consequência direta desta dificuldade de explicar o óbvio para esta legião que não quer ouvir.

A saída para essa situação? Não sei. Ou não há.

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