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Por marcozero Compartilhe Compartilhe Conversa Dura Caso Robinho é mais um exemplo da cultura do estupro 1442 visualizações0 A defesa que muitos fazem do retorno do jogador Robinho ao Santos é apenas mais uma prova da cultura do estupro no Brasil. É inacreditável que alguns torcedores do “Rei das Pedaladas” não vejam nada de errado em um grupo de cinco homens fazer sexo com uma menina de 22 anos, totalmente embriagada, dentro de uma boate. Não distinguem (ou fingem não diferenciar) o ídolo das pedaladas da pessoa física. Para estes, as alegrias proporcionadas pelo jogador e a expectativa gerada por seu retorno à Vila Belmiro servem de escudo para “passar um pano” no que o atleta faz na vida particular. Robinho foi condenado a nove anos de prisão e pagamento de 60 mil euros à vítima por estupro. A condenação não se baseou apenas na acusação da vítima e sim nos diálogos mantidos entre os envolvidos, obtidos em interceptações telefônicas e escutas feitas com autorização da Justiça italiana. Malabarismos retóricos Torcedores fanáticos de Robinho perambulam no limite entre a ingenuidade e a canalhice. Usam como argumento máximo o fato de que a condenação ocorreu “apenas” em primeira instância e, portanto, ainda há outras instâncias a serem recorridas. A advogada brasileira do jogador, Marisa Alija Ramos, fez um ousado malabarismo retórico para justificar tal tese: Robinho sofreu “perda na primeira instância”. Os defensores de Robinho usam estratégias comuns em casos de violência sexual: atribuir a culpa à vítima ou alegar que o sexo foi consentido. Os próprios investigadores levantaram a hipótese de a moça ter feito as acusações visando obter vantagem financeira (a possibilidade de “monetizar” uma noite de álcool e sexo com um personagem rico e famoso), já que ela demorou seis meses para formalizar a denúncia. Mas, ao analisarem as conversas gravadas, concluíram que esta motivação não elimina a ocorrência do estupro. Naquela noite de 22 de janeiro de 2013, a jovem albanesa de 22 anos estava comemorando o aniversário na boate Sio Café, em Milão. Robinho estava numa mesa próxima, com os amigos e a esposa. A moça fez chegar a Robinho a informação de que queria “ficar” com o jogador. Robinho então levou a esposa para casa e retornou à boate. A noite se alongou, o teor alcoólico do grupo aumentou e o episódio degringolou para o sexo grupal, com a moça completamente embriagada, incapaz de perceber o que acontecia. Diálogos gravados Diferente do que os torcedores por Robinho pensam, a condenação em primeiro grau não se baseou apenas no depoimento da vítima, mas sim em diálogos entre os envolvidos, obtidas com interceptações telefônicas e também numa escuta colocada no carro usado por Robinho na Itália, com autorização da Justiça daquele país. Conversas como esta, entre Robinho e seu amigo Ricardo Falco: Falco: –Ela se lembra da situação. Ela sabe que todos transaram com ela. Robinho: – O (cita o nome de um amigo) tenho certeza que gozou dentro dela. Falco: – Não acredito. Naquele dia ela não conseguia fazer nada, nem mesmo ficar em pé, ela estava realmente fora de si. Robinho: – Sim. “A mulher estava completamente bêbada” Em outra conversa, Jairo Chagas, músico brasileiro que se apresentava naquela noite na boate, avisa Robinho que a polícia investigava o caso, e recebe a seguinte resposta do jogador: – Estou rindo porque não estou nem aí, a mulher estava completamente bêbada, não sabe nem o que aconteceu. Em outro dia, os dois tiveram o seguinte diálogo: Robinho: “A polícia não pode dizer nada, eu direi que estava com você e depois fui para casa” Jairo: “Mas você também transou com a mulher?” Robinho: “Não, eu tentei” (E cita os nomes de três amigos que estavam junto dele) Jairo: “Eu te vi quando colocava o pênis dentro da boca dela” Robinho: “Isso não significa transar”. Juízes apontam desprezo de Robinho pela vítima O colegiado de juízes formado por Mariolina Panasiti (presidente), Simone Luerti e Piera Gaspirini, da 9ª seção do Tribunal de Milão, acataram os argumentos do promotor Stefano Ammendola, da procuradora Alessia Miele e do subprocurador Pietro Forno e entenderam que a menina albanesa de 22 anos foi embriagada de “formas insidiosas e fraudulentas”, até que ficasse “inconsciente e incapaz de resistir”. Na sentença, os juízes registram que Robinho mostrou “um desprezo absoluto pela condição de vítima”, que teria sido “exposta a repetidas humilhações, bem como atos de violência sexual”. “Ênfase particularmente negativa deve ser dada aos tons e expressões usadas nos comentários sobre os acontecimentos, na descrição da menina com epítetos humilhantes e muitas vezes rudes e desdenhosos, sinais inequívocos de falta de escrúpulos e, portanto, de consciência da impunidade futura; essa consciência induziu o acusado até a rir várias vezes do incidente, evidenciando um desprezo absoluto pela condição da vítima, exposta a repetidas humilhações, bem como atos de violência sexual através de abusos particularmente invasivos, e com uma opressão física absoluta da vítima”, diz a sentença. Santos passou pano até onde deu A diretoria do Santos FC tentou empurrar o caso com a barriga até que na sexta-feira (16), diante da divulgação dos detalhes do caso, decidiu “suspender” o contrato para que Robson de Souza se concentre em sua defesa. Outro caso Em 14 de janeiro de 2009, quando jogava pelo Manchester City, Robinho já havia sido acusado de estupro, por uma moça de 18 anos, na boate Leeds ´Space. O jogador não teria respeitado o “não” da moça e insistido na investida contra ela dentro da balada —um comportamento extremamente comum no Brasil, mas intolerável em países como a Inglaterra. Os jornais britânicos The Sun e The Times publicaram na época que Robinho foi levado para a delegacia e só foi liberado após pagamento de fiança. O caso foi arquivado por falta de provas. Compartilhe
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