Por marcozero Compartilhe Compartilhe Perfil A primeira vez a gente nunca esquece 1263 visualizações0 “Estou tremendo! A primeira vez a gente nunca esquece”. O rapaz de 24 anos fofinho e bochechudo terminou a frase e caiu na gargalhada. Rimos juntos. Sentado à minha frente, Bruno Covas iniciava a entrevista exclusiva anunciando ser o candidato a vice-prefeito de Santos, na chapa encabeçada pelo jornalista Raul Christiano, em 2004. Confesso que, assim que soube que o neto de Mário Covas visitaria o jornal para anunciar sua primeira participação numa disputa eleitoral, eu pensei: “Lá vem mais um que entra para a política achando que só o sobrenome basta”. No caso de Bruno, nada mais errado. Logo no início da conversa deu para perceber que ele tinha luz própria. “Esta é minha primeira entrevista como candidato a alguma coisa, porque política eu já faço há um bom tempo”, disse, ainda sorridente, mas dando um tom mais sério à conversa. O “bom tempo” era desde 1998, quando, aos 18 anos, filiou-se ao PSDB —partido do seu avô, Mário Covas. Ou antes, quando ainda menino acompanhava o avô em comícios. Foi a primeira de muitas vezes que entrevistei Bruno Covas, algumas durante aquela campanha eleitoral de 2004 e depois outras, ele já como deputado estadual, federal ou secretário de Estado. Em todas, permaneciam o sorriso largo, o olhar sinceramente atento ao interlocutor, a tranquilidade na fala, a lucidez no desenvolvimento do raciocínio. Coisa rara na política, Bruno Covas era praticamente uma unanimidade. Até mesmo seus adversários políticos o viam com extremo respeito – o confronto era no campo das ideias, nunca no da ofensa pessoal. Era apaixonado pela articulação política e possuía uma qualidade inestimável no mundo político: cumpria acordos. A arte de ouvir, conversar com quem pensa diferente e negociar sem abrir mão dos princípios eram fundamentos aprendidos com o avô, com quem chegou a morar, no Palácio dos Bandeirantes. Ou seja, cresceu testemunhando a política preconizada por Mário Covas. Sempre que nos encontrávamos, ele perguntava como estava o jornal e prometia: “Vou lá tomar um café”. Essa ele não cumpriu. Compartilhe
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