Jesus Cristo nunca existiu?
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Jesus Cristo nunca existiu?

Historiadores sustentam que Jesus Cristo nunca existiu como figura histórica e tudo o que se conta sobre ele seja resultado de um conjunto de relatos de pessoas que não conviveram com ele. Estes autores argumentam que não existem registros da época de Jesus e os textos contidos no Novo Testamento são na verdade visões teológicas, repletas de contradições.

Jesus nunca existiu, diz historiador ateu

A mais recente defesa de que Jesus nunca existiu é o livro do historiador americano David Fitzgerald, já disponível no Brasil em versão eletrônica.

O título original do livro de David Fitzgerald, um ateu declarado, traz um trocadilho em inglês que não pode ser traduzido literalmente: “Nailed: Ten Christian myths that show Jesus never existed at all”. “Nailed” significa “pregado”, mas também pode ser usado no sentido de “resolvido”. Na obra, o autor relaciona “Dez mitos cristãos que mostram que Jesus nunca sequer existiu”.

A linha de argumentação de Fitzgerald é mostrar que as informações contidas no Novo Testamento estão repletas de contradições. Ele sustenta que os diferentes retratos de Jesus traçados pelos Quatro Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João), que são considerados como fatos históricos pelos literalistas bíblicos, provavelmente não foram escritos por pessoas que conviveram com Cristo. Na verdade, carregariam a visão teológica de cada autor em episódios como o nascimento na manjedoura, o batismo no rio Jordão, a morte na cruz e a ressurreição.

Existência histórica de Jesus

Embora Fitzgerald discorde do consenso dos especialistas modernos sobre a existência histórica de Jesus, ele defende sua teoria de que nenhum historiador contemporâneo de Jesus teria obtido informações independentes sobre ele, e que as poucas menções a Cristo em textos não cristãos teriam sido forjadas ou derivadas dos próprios seguidores do cristianismo, o que colocaria sua confiabilidade em sérias dúvidas.

Flávio Josefo (37 d.C.-100 d.C.), o historiador mais importante dessa época, deixou obras que citam Jesus em dois trechos, um mais extenso que foi adulterado por copistas cristãos, mas que a maioria dos historiadores afirma ser possível restaurar uma versão original que também falava de Cristo.

Fitzgerald discorda, afirmando que essa passagem maior foi totalmente inventada, enquanto no trecho mais curto um personagem chamado Tiago teria recebido o apelido de “irmão de Jesus, chamado Cristo” por intervenção de copistas cristãos.

Fitzgerald também enfatiza o silêncio do apóstolo Paulo, autor de diversas cartas a comunidades cristãs escritas entre os anos 40 e 60 do século 1º e preservadas no Novo Testamento. Ele argumenta que Paulo quase não aborda os episódios da vida de Jesus e os ensinamentos do Nazareno, o que indicaria que o Cristo no qual ele acreditava era uma figura cósmica, de origem celestial, na qual o apóstolo teria passado a acreditar por meio de revelações místicas e da análise das Escrituras judaicas.

Paulo nunca usa a palavra “nascido” em suas cartas para se referir a Jesus, mas sim a palavra grega “guenômenos”, que significa “feito”. Fitzgerald afirma que o uso desse termo incomodou tanto os antigos cristãos que há manuscritos nos quais ele foi trocado pela palavra que normalmente significa “nascido”.

Embora Fitzgerald defenda a teoria de que Jesus não existiu como uma figura histórica, há uma objeção séria a essa ideia, que envolve o chamado critério do constrangimento. Esse critério de análise histórica propõe que ninguém em sã consciência inventaria informações potencialmente constrangedoras sobre a trajetória de uma figura muito admirada. Portanto, é razoável admitir que tais fatos realmente aconteceram.

Esse critério é usado para postular que ao menos alguns fatos básicos da biografia de Jesus – a origem em Nazaré, o batismo feito por João Batista e a morte na cruz – aconteceram mesmo. Fitzgerald discorda, afirmando que todos esses dados são uma criação do mais antigo Evangelho, o de Marcos, que achou todos os elementos de que precisava nas Escrituras hebraicas e criou a alegoria do homem fiel que foi adotado por Deus em seu batismo e foi ressuscitado e exaltado por Deus por sua obediência.

Não há o que comprove existência de Jesus, diz historiador

David Fitzgerald não foi o primeiro a contestar a existência história de Jesus Cristo. Outros estudiosos se dedicaram ao tema como o historiador Michael Paulkovich. Em sua obra “No meek Messiah” (em português, “Um Messias nada humilde”), Paulkovich argumenta que não existem registros contemporâneos à vida de Jesus que comprovem sua existência. Segundo o autor, isso indica que Jesus pode ter sido uma figura mítica ou inventada.

Paulkovich sustenta que, se Jesus realmente tivesse existido e feito as coisas que lhe são atribuídas nos evangelhos, seria razoável esperar que houvesse pelo menos algumas menções dele em fontes históricas da época. No entanto, Paulkovich afirma que nenhum historiador ou escritor da época de Jesus faz referência a ele em seus textos, incluindo os contemporâneos de Jesus.

Paulkovich baseia sua teoria em sua própria pesquisa e revisão de mais de 126 escritores do primeiro e segundo séculos d.C. Em sua análise, ele concluiu que nenhum deles faz qualquer menção direta a Jesus como uma figura histórica. Isso inclui escritores como Plínio, o Jovem, Sêneca e Tácito, que teriam vivido durante o tempo em que Jesus supostamente teria vivido.

Provas de que Jesus existiu

As teorias que contestam a existência histórica de contraria a maioria dos estudos dos historiadores e pesquisadores do Novo Testamento. Apesar de haver algumas discrepâncias e inconsistências nos relatos bíblicos e nas obras dos historiadores da época, a maioria dos especialistas concorda que Jesus foi uma pessoa real que viveu na Palestina do século I e que fundou o cristianismo.

Por exemplo: ninguém defende, hoje em dia, que os chamados Reis Magos apareceram com presentes quando Jesus nasceu e foram guiados até o local seguindo uma estrela.

A falta de evidências independentes sobre sua vida e obra pode ser atribuída a diversos fatores, como a natureza fragmentada e seletiva dos registros históricos da época e a perseguição dos primeiros cristãos.

Enquanto alguns defensores da teoria anti-Cristo histórico lancem dúvidas sobre a validade do cristianismo e de sua mensagem, outros afirmam que a existência ou não de Jesus como uma figura histórica não afeta a importância de seus ensinamentos e valores para milhões de pessoas em todo o mundo.

Além disso, diversos pesquisadores sustentam que a Ciência prova que Jesus existiu.

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