Jornal Cidade de Santos

Livro narra trajetória de jornal que defendia a cidadania em anos românticos

Um jornal popular, divertido e combativo é o tema do livro “Cidade de Santos – um jornal santista até no nome”, que foi lançado no dia 15 de setembro, às 14h, no restaurante Lyon, no Centro Histórico, com a presença de centenas de pessoas.

Escrita pelo jornalista Marco Santana, a obra tem prefácio do jornalista e escritor Fernando Morais e foto de capa do fotógrafo Araquém Alcântara.

O “Cidade de Santos” foi um diário que circulou na Baixada Santista entre 1 de junho de 1967 e 15 de setembro de 1987, publicando reportagens em defesa dos direitos dos mais pobres, dos consumidores, trabalhadores e, principalmente, da democracia. A sua principal bandeira foi a defesa da retomada da autonomia politica de Santos, pois na época, em plena ditadura, o eleitor santista perdeu o direito de escolher o próprio prefeito.

Crítico e irreverente, o jornal publicava matérias sobre os mais variados assuntos, em linguagem clara e informações precisas. Era uma época romântica, em que jornalistas datilografavam os textos em máquinas de escrever numa redação enfumaçada e iam atrás da notícia onde ele estivesse.

A obra narra o processo de criação do jornal, recorda coberturas marcantes e destaca episódios tão divertidos e inusitados que são descritos em formato de História em Quadrinhos. O livro também traz depoimentos dos jornalistas que atuaram no Cidade de Santos e oferece um brinde ao leitor: ao final de cada página com o relato, há um QR-Code que direciona ao vídeo com o depoimento do jornalista.

O livro “Cidade de Santos – um jornal santista até no nome” foi viabilizada graças ao Promicult, programa de incentivo à cultura da Prefeitura de Santos. A obra tem o patrocínio da DW World.

Realismo fantástico

Autor da obra, o jornalista Marco Santana ressalta que a rotina do Cidade de Santos se assemelha muito a uma obra de realismo fantástico de Gabriel Garcia Marques. “Há episódios hilários que parecem ficção. Os entrevistados se divertiram ao recordá-los e, certamente, o leitor também vai rir bastante”, destaca.

O clima descontraído da Redação não significava falta de seriedade dos profissionais na abordagem de temas delicados. Entre as coberturas marcantes do Cidade, destacam-se o incêndio na Vila Socó, denúncias de esquemas de corrupção e até uma antológica entrevista com um político muito conhecido, na qual o repórter pergunta a ele o que achava de seu nome ter virado sinônimo de “o que há de pior na política”.

No bolso do trabalhador

O Cidade de Santos era muito lido pela classe trabalhadora, principalmente os portuários. Tornou-se o símbolo do diário a imagem de um estivador com um exemplar dobrado, no bolso de trás da calça.

É justamente esta a imagem da capa, produzida pelo consagrado fotógrafo Araquém Alcântara, que trabalhou no Cidade, mas como repórter de texto.

Escola de jornalistas

O “Cidade” é considerado como uma verdadeira escola de jornalismo, já que muitos profissionais iniciaram a trajetória profissional na Redação situada no prédio localizado na esquina das ruas XV de Novembro e Comércio, no Centro Histórico de Santos. Estudantes e recém-formados conviviam com experientes jornalistas e, juntos, preparavam matérias, literalmente, em defesa dos fracos e oprimidos.

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