Por marcozero Compartilhe Compartilhe Comportamento Triste é viver na solidão 1197 visualizações0 Um nó no peito, sensação de abandono, incompreensão, deslocamento, incômodo. A solidão é muito mais do que permanecer sozinho num espaço determinado, por pouco ou muito tempo. É um estado de espírito que evidencia uma situação nada agradável para quem a vive e pode indicar problemas muito mais sérios. Evidente que não se trata de um fenômeno novo, mas a sensação de estar sozinho se acentua na atualidade, principalmente em áreas urbanas, e ainda mais com as pressões das redes sociais e seu mundo de aparências. No entanto, há quem garanta viver bem sem o contato com semelhantes de sua espécie. Para estes, seu universo particular (seu refúgio domiciliar, livros, discos, filmes, animais de estimação) são mais do que suficientes para garantir o bem-estar. É a chamada solitude, que muitos consideram a mais ampla expressão de liberdade, na qual a pessoa se isola por opção. Mas o que preocupa são justamente os casos de solidão, um ciclo de isolamento em forma de espiral no qual a pessoa se afunda cada vez mais. Doutora em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo, a psicóloga Gisela Monteiro fala sobre as consequências da solidão, como identificar que uma pessoa é solitária e o que fazer para evitar que se chegue a esta situação. O que é, por definição, solidão? Gisela Monteiro – É o sentimento relacionado a isolamento social, a não ter ninguém por perto, não ter com quem contar. É uma palavra com certa conotação negativa, de que algo está errado, de falta. Qual a fronteira entre ‘estar sozinho’ ou ‘ser solitário’? Gisela Monteiro- Você pode estar sozinho e não se sentir solitário. O sentimento surge quando a pessoa gostaria de ter uma companhia e não tem. Por dificuldade de fazer amigos, estar longe de seu lugar de origem, entre outros motivos. Muitas pessoas acreditam ser possível ficarem sozinhas e serem felizes, é o que chamam de solitude. Mas isso realmente é possível? Gisela Monteiro – A palavra solitude é usada com um sentido mais positivo, de alguém que está só, mas se sente bem. Sim, é perfeitamente possível. Penso que é um sinal de boa saúde mental. Estar bem consigo, sentir que é capaz que realizar suas atividades, de estar no mundo sem precisar estar sempre acompanhado é um indício de bom autoconhecimento e independência. Como a pessoa pode identificar, ela mesma, que está ficando muito tempo sozinha e isso está sendo prejudicial? Gisela Monteiro – A quantidade de tempo não é a melhor a indicação para a percepção de algo estar errado. Entendo que os sentimentos de desamparo e incompreensão são mais balizadores de algum prejuízo, de certo isolamento patológico. Ter o que se chama de rede de apoio social, amigos e/ou parentes com quem contar é bastante importante já que o homem é um ser social por natureza. Quais os sinais que amigos e parentes podem perceber em uma pessoa que está sofrendo de solidão? Gisela Monteiro – Penso que os principais sinais de sofrimento são as mudanças de comportamento, quando começam alterações de sono, padrão alimentar ou mesmo frequência dos contatos sociais. O principal é que as pessoas que sofrem por qualquer motivo peçam ajuda, que manifestem sua dor. Por vezes quem está a volta não percebe ou percebe quando um quadro mais grave já está instalado. O que fazer para não sofrer de solidão? Gisela Monteiro – O autoconhecimento é o principal caminho. Quando você sente que é boa companhia pra si mesmo significa um bom nível de integração da personalidade. Não quer dizer que você se considera perfeito, completo. Pelo contrário, significa conhecer as próprias limitações e imperfeições e aprender a conviver com elas! Nossa incompletude é um fato. A saúde mental não está em buscar no outro sua complementação, em estar com alguém por necessidade, mas em estar com o outro porque gosta e quer! Compartilhe
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