Por marcozero Compartilhe Compartilhe Sociedade Tempo é mais que dinheiro 1149 visualizações0 Não há dinheiro que pague o tempo que se dedica a tarefas prazerosas —ou para poder ficar sem fazer absolutamente nada. Cada vez mais, as pessoas reclamam ter falta de tempo para executar todas as atividades as quais se dispõe e ocupam a sua existência mais com o que “precisam” e menos com o que gostam de fazer. Paradoxalmente, as inovações tecnológicas, concebidas para facilitar a vida humana, acabam se tornando verdadeiras armadilhas, sugadoras do tempo. Mais do que isso: a vida moderna cria a sensação de ser fundamental executar várias tarefas, tornando a agenda de compromissos extensa e praticamente impossível de ser cumprida. Há ainda outro problema que prejudica o trabalho e até mesmo o convívio social: a procrastinação — palavra esquisita que define um comportamento bastante familiar, que é o famoso “depois eu faço”. Pessoas não são treinadas para “terem tempo” Considerado o maior especialista em gestão de tempo e produtividade do Brasil, consultor Christian Barbosa fala sobre como evitar desperdiçar o tempo e, assim, tornar os dias mais produtivos. Quais os principais motivos que levam as pessoas a “não terem tempo”? Christian Barbosa- São diversos. O primeiro é que elas não foram treinadas para isso. A produtividade é uma competência que se desenvolve, com o método certo se aprende isso. Em segundo lugar, o excesso de informações. Hoje há informações demais e isso rouba nossa produtividade e nosso tempo. Em terceiro, o uso errado de ferramentas. As pessoas não usam uma agenda ou caderno da forma correta. Elas se perdem, por desconhecimento. O que fazer para evitar isso? Christian Barbosa- O primeiro passo é se conscientizar. Ninguém aprende a ter mais tempo se não quiser ter mais tempo. A pessoa tem que falar “eu estou sofrendo com problema de produtividade e preciso aprender o modelo para mudar isso”. Este autoconhecimento é fundamental! Entendendo isso, ela tem que buscar uma metodologia, um livro, um curso sobre esse assunto. Quando fizer isso, ela vai falar de planejar, se organizar, se estruturar. Outra coisa fundamental é persistência. Nada muda do dia para a noite. Às vezes ela foi treinada durante décadas para fazer do jeito errado e quando ela aprende do jeito certo isso começa a mudar. É o caso de “colocar na agenda” um tempo para se dedicar à família e aos amigos, assim como se faz com os compromissos profissionais? Christian Barbosa- É uma forma de fazer isso, mas não precisa ser um compromisso formal. Se ela tiver essas pequenas atividades que a ajudam a se equilibrar e as colocar na sua agenda, ajuda muito. Desde ler um livro, ver uma série, ouvir uma música, sair com pessoas importantes na sua vida. As inovações tecnológicas têm como principal objetivo facilitar a vida das pessoas e, em consequência, permitir que tenham mais tempo livre. Mas o que se percebe é o contrário. Por que? Christian Barbosa- Realmente, hoje a tecnologia vem roubando mais tempo do que ajudando. Primeiro, porque é uma informação de fácil consumo e divertida. Então, isso rouba o prazer imediato do cérebro e faz com que as pessoas foquem nestas ferramentas. Em segundo lugar, ninguém sabe usar bem a tecnologia e, em razão disso, a pessoa se perde. Outra coisa é ter um autocontrole em relação a isso. Saber o quanto estou usando de tecnologia para saber o quanto ela está me ajudando de forma mais impactante. A internet, principalmente as redes sociais, acaba tomando muito tempo na vida das pessoas, prejudicando o desempenho profissional e o convívio afetivo. Como evitar isso? Christian Barbosa- As pessoas têm que entender como elas estão usando hoje e limitar isso. Existem até aplicativos, como Quality Time e Freedom, que ajudam a medir o quanto a pessoa está usando cada um destes aplicativos. Se ela entender isso, consegue fazer algumas coisas que bloqueiam este uso excessivo. É realimente um controle, como se fosse Alcoólicos Anônimos. Procrastinação A palavra pode não ser muito familiar para a maioria das pessoas, mas o comportamento que ela designa sim: procrastinação é o famoso “depois em faço”, uma prática muitas vezes automática e inconsciente mas que traz prejuízos frequentemente irreversíveis. “O adiamento de tarefas está tomando conta das pessoas. Quanto mais tecnologia, muito mais informação, muito mais opções. Com isso, elas acabam optando por fazer as coisas mais “gostosinhas”, que dão prazer imediato, e não as menos ou nada prazerosas e que dão resultado a longo prazo. Não conseguem fazer a ligação do hoje com o amanhã e acabam adiando”, explica Christian Barbosa. Segundo ele, um dos fatores que levam a isso é as pessoas não relacionarem ação com resultado futuro. “Como não pensa no porquê estar fazendo aquela tarefa, o prazer momentâneo toma conta da prazer de ter aquela coisa realizada no futuro”, diz. “É preciso transformar as realizações do futuro em desejos do presente. Quando estiver lendo aquele livro que não acaba nunca, pense no que ele vai agregar para a sua vida”, exemplifica. Disciplina Barbosa alerta que as pessoas costumam dar uma conotação negativa à palavra disciplina. “Associam a uma situação de estar presa, mas é o contrário. Significa liberdade! É estar focado naquilo que se quer fazer de verdade. Existem dois tipos de pessoas: as que têm disciplina e fazem a coisas acontecerem e as que não têm e deixam a vida passar. Disciplina é a capacidade de conter nossos desejos primitivos, de querer dormir mais, comer o que não faz bem… “A melhor disciplina é a que funciona melhor para você. Não adianta querer acordar as 5 da manhã todos os dias se seu desempenho muito cedo não rende. Esta frase muito famosa “No pain, no gain” (Sem dor, sem ganho) é uma grande besteira. Não siga um padrão, mas aquilo que faz bem a você”, conclui. Compartilhe
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