Dilma Rousseff. Foto: Leandro Amaral
Política

O dia em que eu tomei duas sapatadas de Dilma Rousseff

Em abril de 2010, Dilma Roussef já estava em campanha presidencial para suceder Luís Inácio Lula da Silva. E, como todo candidato, a “Mãe do PAC” batia perna pelas ruas das cidades brasileiras e se reunia com lideranças políticas, empresários e sindicalistas. No dia 30 daquele mês, ela cumpriu agenda em Santos, que incluiu uma caminhada pelas ruas do Centro, a tradicional degustação do pastel do Café Carioca e uma palestra na Associação Comercial de Santos.

Dilma Rousseff (foto: Leandro Amaral)

Mas era visível o seu desconforto com aquela dinâmica toda. Andar, conversar e cumprimentar estranhos, ouvir um desaforo, receber a bajulação de interesseiros. Eu estava acompanhando a caminhada, não resisti e fiz uma provocação:

– Candidata, campanha é bem diferente do que ficar em gabinete com ar condicionado em Brasília, né? Fique tranquila que no começo é assim, mas depois piora…

Ele me fuzilou com os olhos e devolveu:

– Meu filho, você não sabe o que é Brasília. Eu prefiro caminhar quilômetros aqui, conversando com o povo.

Dilma Rousseff (foto: Leandro Amaral)

Dura entre meigos

Dilma Rousseff (foto: Leandro Amaral)
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Após a caminhada, ela concedeu uma entrevista coletiva na sede da Associação Comercial de Santos. Tive a oportunidade de fazer uma pergunta. Lembrei que ela tinha fama de durona, de dar broncas em ministros — inclusive teria feito um membro do alto escalão do governo chorar em uma reunião, na frente de várias outras pessoas— e questionei como ela iria fazer, na campanha, para parecer mais afável aos eleitores. Demonstrando uma certa irritação, me encarou e respondeu:

– É engraçado… Agora eu sou uma mulher dura cercada de homens suaves e meigos…

Em seguida, completou que este tipo de questionamento só existia pelo fato de ela ser mulher, insinuando que minha pergunta era machista.

É possível, mas a personalidade agressiva e intransigente foi uma marca de toda a trajetória política de Dilma Rousseff.

Deu no que deu.

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1 Comentário

  1. Bacana , dei risada sozinha da matéria , não conhecia esse lado da Dilma. Parabéns !
    Site descontraído !

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