Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak
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Fotógrafo japonês visita Amazônia guiado por filósofo indígena

Imagens da Amazônia captadas pelo fotógrafo Hiromi Nagakura, em viagens guiadas pelo filósofo indígena Ailton Krenak, estão na mostra que pode ser vista até 4 de fevereiro, no Instituto Tomie Ohtake.

A mostra, segundo Krenak, traz algumas das belas imagens das viagens às aldeias e comunidades na Amazônia brasileira. “Momentos de intimidade e contentamento entre ‘amigos para sempre’ inspiraram esta mostra fotográfica mediada por encontros com algumas das pessoas queridas que nos receberam em suas cozinhas e canoas, suas praias de rios e nas aldeias: Ashaninka, Xavante, Krikati, Gavião, Yawanawá, Huni Kuin, o povo Guarani de São Paulo e comunidades ribeirinhas no Rio Juruá e região do lavrado em Roraima”, destaca Krenak, que é o curador da exposição. indígenas, que foram visitados pelas lentes do fotógrafo na companhia de Krenak, estarão presentes na abertura da exposição.

São registros feitos ao longo de quase cinco anos, de 1993 a 1998, dezenas de horas, duas vezes por ano, sempre na companhia da produtora e intérprete Eliza Otsuka.

Povo Yanomami-Aldeia Demini
Povo Yanomami na Aldeia Demini

As viagens percorreram áreas nos estados do Acre, Roraima, Mato Grosso, Maranhão, São Paulo e Amazonas.

A exposição “Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak”, acompanhada de encontros e lançamento de livro, é o resultado de uma “união de esforços para fazer uma celebração em torno dessa amizade alimentada pelo sonho e beleza da obra do fotógrafo Hiromi Nagakura”.

Lideranças indígenas visitadas pelo fotógrafo e pelo curador estiveram presentes na abertura da exposição, no dia 24 de outubro.

Como escreve Ailton Krenak, curador da mostra, no início de seu texto: “Nagakura-san é um samurai. Sua espada é uma câmera que ele maneja com a segurança de quem já passou por campos de refugiados e esteve no centro das praças de guerra, por lugares como África do Sul, Palestina, El Salvador e Afeganistão. Depois desse mergulho no inferno global, quando sentiu de perto a loucura dos seres humanos, o samurai da câmera descobriu a floresta amazônica e seus povos nativos”.

Krenak e Nagakura

A aproximação entre Krenak e Nagakura começou numa conversa, sentados em esteiras, na sede da Aliança dos Povos da Floresta, no bairro do Butantã, em São Paulo, onde se conheceram, quando Eliza Otsuka apresentou o plano de viagens de Nagakura.  “Ela [Eliza] resumiu com estas palavras o conceito todo do projeto para alguns anos dali para frente: ele vai ser a sua sombra por onde você for, quando estiver dormindo e quando estiver acordado”, recorda-se Krenak. Esta história toda está reunida em um dos livros escrito em nihongo, publicado pela editora Tokuma (Tóquio, 1998), intitulado Um rio, um pássaro assumido por Krenak como a sua biografia feita por Hiromi Nagakura. O livro agora será lançado no Brasil pela Dantes Editora, como um dos eventos que integram a programação da mostra. O lançamento de Um rio, um pássaro acontece dia 27 de outubro, das 18h às 21h, no Instituto Tomie Ohtake, com mesa e autógrafos.

Corrida de Tora de Buriti.
Corrida de Tora de Buriti.

As viagens de Krenak e Nagakura já foram registradas anteriormente no Japão em livros, exposições e documentários para a NHK. O livro Seres Humanos – Amazônia, lançado em 1998 em Tóquio, teve enorme repercussão e foi seguido de duas exposições e exibição em programas na TV com muita mídia voluntária, um espaço raro para o reconhecimento do Brasil, Amazônia e povos indígenas. “Acompanhei, como convidado especial, Hiromi Nagakura em programas ao vivo na TV em horário nobre, antecedido por fala de fim de ano do imperador. Não foi pouca coisa o impacto dessas exposições e livros-reportagens para a formação de uma opinião pública esclarecida sobre a realidade dos Yanomami e Xavante, e da Amazônia mesma. Afinal, nós andamos por dezenas de aldeias nas cabeceiras dos rios Juruá, Negro e Demi     ni, Tarauacá e rio Gregório, além de cortar estradas pelo cerrado e regiões de florestas onde a vida continua vibrante como nos primórdios da criação”, completa Krenak.

Raimundo Cohcuj Krikati
Raimundo Cohcuj Krikati

Uma publicação, editada pelo Instituto Tomie Ohtake, marca a exposição, ao reunir um conjunto de obras de Nagakura e ensaios assinados por: Angela Pappiani; Claudia Andujar; Laymert Garcia dos Santos; Lilia Moritz Schwarcz; e Priscyla Gomes. A exposição é patrocinada por Bradesco, Meta Brasil e Boston Consulting Group (BCG).

Exposição “Hiromi Nagakura até a Amazônia com Ailton Krenak”-
Visitação: até 04 de fevereiro de 2024, de terça a domingo das 11h às 19h – Entrada gratuita
Instituto Tomie Ohtake: Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropés 88) – Pinheiros -São Paulo

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