Cake Boss
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Poderosos (e doce) chefão

O sotaque e a maneira de falar com as mãos já denunciam a origem italiana, mas foi sua performance em sua confeitaria em Nova York e seu carisma ao protagonizando um divertido reality-show que consagrou Bartolo Valastro Júnior como o Chefão dos Bolos.
A simpatia e simplicidade do rechonchudo Buddy Valastro, o Cake Boss, tornaram sucesso planetário um programa de TV que exalta doces — numa época em que as pessoas estão cada vez mais obcecadas pela alimentação saudável.

Em sua primeira passagem pelo Brasil, em 2014, Buddy Valastro literalmente parou o trânsito. O simples anúncio de sua presença fez com que cinco mil pessoas fossem a um evento, para o qual eram esperadas “apenas” mil, em um shopping center de São Paulo.

Buddy esteve em São Paulo para divulgar a estreia de mais um programa de TV, a versão brasileira de “A batalha dos confeiteiros” e inaugurar a primeira confeitaria de sua grife no Brasil.

Eu participei de uma pequena aula-show, seguida de entrevista coletiva, e ainda consegui fazer uma mini-entrevista exclusiva com Buddy Valastro, que transbordou simpatia, paciência e muita generosidade.

Sem personagem
De um modo muito meigo, Buddy faz questão de deixar claro que não “faz tipo” ou encarna um personagem nos programas de TV. Para ele, o segredo de seu sucesso é a autenticidade. “Eu sou no programa exatamente como sou de verdade, longe das câmeras”, explica Buddy. “O meu programa não é sobre bolos, é sobre família. Você vê as pessoas que trabalham comigo e a minha família. Nós fazemos bolos também, mas é o aspecto familiar que as pessoas realmente adoram”.

Buddy conta que, logo depois que seu programa foi ao ar nos Estados Unidos, começou a receber uma série de mensagens de fãs. “O seu programa me fez lutar contra o câncer”, dizia uma. “Você me encorajou a abrir uma confeitaria”, dizia outra. “Quando eu comecei o programa, o foco principal era ampliar o negócio e completar o sonho que prometi ao meu pai, de fazer a Confeitaria do Carlo maior a cada dia”. Mas, após perceber a repercussão do show na vida dos que o assistiam, o chefão entendeu: “É isso que “Cake Boss” se transformou para mim. É para famílias, é para inspirar as pessoas que querem ser inspiradas”.

Bolos saborosos
Notório por fazer bolos nas formas mais inusitadas possível (vasos sanitários, robôs e animais marinhos) Buddy garante que eles realmente são deliciosos. “Para mim, o mais importante é o sabor. Meu pai já tinha receitas deliciosas e havia muitas confeitarias que faziam lindos bolos, mas com sabor muito ruim, porque não eram confeiteiros, eram artistas. Então, eu pensei que podia criar meu próprio nicho, fazer bolos saborosos e bonitos. Eu pratiquei, por anos e anos. E eu consegui, comecei a ser reconhecido. Fui capa de 200 revistas, em dez anos”.

O começo na TV
Após o sucesso preparando bolos decorativos, principalmente para casamentos, Buddy decidiu participar de competições na TV. Não vencia nenhuma. Na terceira, um cameraman disse a ele: “Você é o melhor”. Ele retrucou: “Realmente, meu bolo é o melhor”. Mas o cinegrafista devolveu: “Não é o seu bolo, você que é o melhor”.
Naquela noite, relatou o diálogo para a esposa e disse que gostaria de fazer um programa de TV. “Pensei que ela ia me chamar de louco, mas ela me disse: Você vai! Se você quer e acredita, você consegue!”.

Ele entrou em contato com a emissora e ofereceu a ideia. Foi recusada. “Já temos um programa sobre bolos”, foi a resposta. “Não é um programa só de bolos, é sobre família”, Buddy retrucou. Não colou. “Continue participando dos programas de competição de bolos e veremos o que acontece”.

Pouco tempo depois, o canal TLC estava à procura de alguém para comandar um programa sobre confeitaria. A vencedora do outro programa, um dos que Buddy perdeu, enviou o vídeo do episódio. O pessoal do TLC viu e perguntou: “Quem é esse cara?”. Era Buddy.

Então, ele fez um vídeo mostrando a confeitaria, uma família italiana maluca, bolos gigantes… e mandou para a emissora. No dia seguinte, ligaram para ele: “Quem é seu agente?”. “Não tenho, podem conversar comigo”. Começou a fazer os programas e não parou mais. Bateu o recorde da TLC de produção de episódios: num único ano, gravou 46 programas de Cake Boss, 40 do “Kitchen Boss e 13 do “Batalha de Confeiteiros”.

Mais comida
A empatia com o público fez com que Buddy ultrapassasse as fronteiras da confeitaria e ganhasse também um programa sobre pratos em geral. “Não sou um chef, sou o primeiro a admitir. O que aprendi foi com minha mãe, meu pai. E nada reúne mais uma família do que a comida. No programa, eu preparo pratos fáceis, que a pessoa poderá fazer em casa. E, quanto aos ingrediente, não uso nada que não se possa comprar no supermercado”.

Brasileiros
Buddy já desconfiava que fazia sucesso no Brasil. “Depois que o programa começou a ser exibido no Brasil, todo santo dia temos a visita de brasileiros à minha confeitaria. Eles vão a Nova York e vão à confeitaria. É uma loucura. Veja o que aconteceu nas redes sociais. Desde que eu cheguei ao Brasil, meu Instagram teve o aumento de mais de 40 mil seguidores, em três dias”.

No evento que lotou o shopping Eldorado, o Chefão foi às lágrimas. “Queria poder dar um abraço em cada um”. Ficou tão impressionado com as pessoas e o país que já decidiu que irá gravar programas no Brasil.

Buddy disse que não teve muito contato com a comida brasileira, mas ficou impressionado com a variedade e beleza das frutas daqui. “Eu conheci uma que parece uma grande bola, uma grande uva (é a jaboticaba). É incrível. Acho que dá para fazer algo bem gostoso com ela”.

Sobre a polêmica envolvendo o chef inglês Jamie Oliver, que em recente visita ao Brasil disse que o brigadeiro e o quindim são “uma porcaria”, Baddy não quis colocar lenha na fogueira, “Eu experimentei um brigadeiro e gostei. Nós, americanos, gostamos muito de doces. Tem a consistência de um caramelo. Eu ouvi alguma coisa sobre a polêmica com Jamie Oliver, parece que ele não gostou. Normalmente, ingleses gostam de doces, eles gostam da pasta americana, que é bem doce, então não sei por que ele disse que não gostou”.

Dica para iniciantes
Na entrevista coletiva, pediram a Buddy uma dica para confeiteiros amadores seguirem em casa. “Minha dica é tentar trabalhar com a pasta americana, que é o que eu chamo de Houdini da confeitaria. Houdini foi um mágico, então ela faz mágicas. Parece difícil, complexo, mas é fácil. Qualquer um pode cortá-la em tiras, em formato de diamante. O bolo pode ser complexo, exótico, mas é muito mais fácil trabalhar com a pasta americana do que tentar cortar o bolo com a faca. Não tenha medo de trabalhar com a pasta americana”.

O pai
Buddy faz questão de destacar a importância de seu pai. “Era meu melhor amigo, o meu ídolo”. O Chefão dos Bolos recorda um episódio arrepiante que viveu, anos atrás. Ele tentava preparar sfogliatelle (uma massa crocante, recheada com creme), mas ela nunca ficava no ponto. Até que uma noite sonhou com seu pai ensinando-o a prepará-la. No dia seguinte, acordou, foi para a cozinha e preparou a massa. Ficou perfeita. Em homenagem ao pai, ele carrega uma corrente com uma medalhinha de Santo Antônio.

Gordices
Mas como se esbaldar com tantas gordices numa época marcada pela exaltação extrema da comida saudável? “Acho que você pode comer doces e se manter saudável. Não é preciso comer o bolo inteiro, apenas uma fatia de bolo. Na vida, tudo o que você faz com racionalidade é bacana”. Simples assim.

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