Dialeto santista
Santistas têm seu idioma particular, repleto de neologistas e palavras com significados únicos
Sociedade

O jeito particular de falar do santista

Mesmo que um país tenha apenas uma língua oficial, as diferenças regionais fazem com que na prática, existam vários idiomas. Além do sotaque característico de cada localidade, diversas expressões e palavras (criadas ou que ganharam um sentido singular) evidenciam a particularidade de cada lugar.

Cidade com rica história e grande diversidade cultural – até por conta de seu porto e as diversas colônias de imigrantes existentes, Santos possui exclusividades linguísticas que impressiona e diverte os forasteiros.

Média, canal, colante, cidade, litoral e linha da máquina, entre tantas outras expressões, têm significados exclusivos em Santos.

 

Pequeno dicionário da fala santista

Baciada –  Produto barato e qualidade duvidosa, alusão à tática usada nos fins de feira, em que os produtos são colocados em bacia em preços de liquidação.

Bagulho – Qualquer coisa. Pode ser um objeto, situação. Exemplo: “Quando vier, traz meu bagulho”.

Boi – Algo muito fácil; quando uma moça ‘dá bola’ a um rapaz. Exemplos: ”É o maior boi pintar essa parede”; “A filha da vizinha me deu o maior boi”.

Boiada- Coisa fácil; oportunidade atraente.

Cabuloso – Uma situação ou pessoa muito legal.

Cavernoso – Uma situação assustadora.

Canal – É um ponto de referência. Os canais dividem a cidade longitudinalmente, estabelecendo os limites entre os bairros. Mas para localizar um imóvel no Embaré, por exemplo, o santista diz que ele fica no canal 4, canal 5…

Cará – Conhecido em outras cidades como “pão de leite”, antigamente incluía o tubérculo entre os ingredientes. Com o passar do tempo, o cará saiu da receita e só permaneceu no nome.

Carro de Paulista – Quando um carro particular leva dois homens nos bancos da frente e as mulheres vão no banco de trás.

Cidade – O Centro de Santos

Classe A- Uma coisa muito boa.

Colante-  Adesivo

Do doce-  Produto de baixa qualidade, uma alusão a brinquedos baratos que vinham como brinde em doces.

Dois palitos –  Tarefa fácil de ser executada.

Embaçar- Atrapalhar

Embaçado- Situação complicada.

Farofeiro- Turista de um dia. Termo surgiu na década de 1970, quando veranistas almoçavam em plena praia, principalmente frango com farofa.

Fazer um vento – Pedir agilidade a alguém

Goiaba– Pessoa tola.

Guarú – A cidade de Guarujá

Joinville – A tradicional confeitaria na avenida da orla, próximo ao canal 3, virou ponto de referência e, para alguns, o nome da praia.

Lelê – Fazer “embaixadinhas” com bola de futebol.

Ligar- Se alguém pergunta se você “tá ligado?”, quer saber se prestou atenção ou entendeu. Já “Se liga” significa “Preste atenção” ou “é o seguinte”.

Linha da Máquina – Referência geográfica para indicar a avenida Francisco Glicério, onde, paralela a ela, passava uma linha de trem, “a máquina”. É utilizada para dividir a cidade em duas latitudes, uma mais nobre (da “linha da máquina” até a praia) e outra mais popular (“da minha da máquina” para “dentro”).

Litoral – Praias de São Sebastião, Ilhabela e Ubatuba (Litoral Norte)

Mango – Unidade monetária. Exemplo: Uma água de coco custa cinco mango (assim mesmo, sem “S”)

Média –  Pão francês. Embora não haja um consenso quanto à origem do termo, alguns padeiros relatam que, décadas atrás, havia as baguetes grande, média e pequena. Com o tempo, a média, a mais popular, diminuiu de tamanho mas preservou o nome.

Mó- Muito ou grande.

Paulista – Paulistano. Ou qualquer visitante, independente da origem.

Paga Sapo – Contador de vantagens, mentiroso.

Raspadinha – Refresco feito com groselha e gelo raspado.

Osso –  Uma situação que “Tá osso” está difícil.

Tambores – Referência geográfica para identificar a divisa com são Vicente, na Zona Noroeste de Santos.

Tu- Apesar de ser um pronome na segunda pessoa do singular, conjuga o verbo na terceira pessoa: “Tu vai”. “Tu viu?”

Veneno – Uma pessoa “no veneno” está muito brava.

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