Desenvolvimento

Na luta contra a dengue, Prefeitura de Santos usa até drones

O uso de drones para monitorar locais com risco de serem criadouros do mosquito Aedes aegypti é uma das estratégias adotadas pela Prefeitura de Santos para combatera proliferação da dengue.

O equipamento é usado em operações especiais da Secretaria de Saúde de Santos desde 2020 em áreas de difícil acesso das equipes, como em imóveis fechados. Pode ser acionado tanto por solicitações da população, via Ouvidoria do Município (telefone 162 ou www.santos.sp.gov.br/ouvidoria), quanto por iniciativa dos próprios agentes de combate a endemias, quando percebem a necessidade durante as inspeções.

Quando o drone identifica possíveis focos do mosquito e de outras espécies no local, os proprietários dos imóveis são intimados para que tomem as devidas providências.

O município tem atualmente um número de casos de dengue considerado controlado (23,44 casos acumulados, em 2025, por 100 mil habitantes). Em números absolutos, Santos registra 98 casos de dengue em 2025. Não há registro oficial até o momento de dengue causada pelo vírus tipo 3 em moradores de Santos em 2025. No entanto, não se pode baixar a guarda, destaca o secretário de Saúde, Fábio Lopez. “Devemos nos manter sempre alertas e nisso incluo o apoio de toda a população, para garantir o bem-estar das pessoas”.

Segundo ele, a Prefeitura mantém ações preventivas o ano inteiro, mas todos os bairros de Santos têm apresentado alta incidência de capturas de fêmeas do mosquito pelas mais de 400 armadilhas espalhadas.

Mudanças climáticas

Os técnicos em epidemiologia explicam que as mudanças climáticas em todo o mundo alteraram o comportamento do Aedes e, consequentemente, influenciam na incidência das doenças que provoca. Se antes era comum comparar o número atual de casos com os dados de anos anteriores, atualmente esse método tem sido substituído por análises computacionais que utilizam informações mais recentes e precisas. A receita para frear esse movimento é acabar com os criadouros, não deixar que o mosquito chegue à fase adulta. E a população precisa, mais do que nunca, ajudar.

Controle do mosquito

Historicamente, março e abril costumam apresentar mais incidência da dengue em Santos, pois são meses com temperaturas elevadas e chuvas, a combinação favorável à proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya, zika e febre amarela.

A ciência explica que o mosquito necessita de uma temperatura ambiente superior a 19 graus para que possa maturar os seus ovos e favorecer a deposição por parte da fêmea. Esses ovos podem permanecer por até um ano em standby, esperando uma condição favorável para eclodir, ou seja, a combinação água e calor. É por esse motivo que a dengue e a chikungunya ocorrem em Santos o ano inteiro e as ações executadas pelo poder público são ininterruptas (saiba mais abaixo). Em 2025, o número de mutirões aumentou para duas ações por semana, além da ampliação nas vistorias em obras, ferros-velhos, borracharias e outros locais estratégicos, aplicação de inseticida em ações de nebulização e atividades educativas. Consequentemente, ampliou-se também o uso de larvicidas e de peixes larvófagos (que se alimentam de larvas) em locais como poços de elevador, piscinas desativadas e em obras.

Mutirões

Somente neste ano, foram realizados 13 mutirões, com 649 focos com larvas eliminados, média de quase 50 focos por mutirão. “Consideramos um número elevado, já que nos mutirões rodamos um bairro por vez. Imagina o município como um todo? Precisamos que cada um faça a sua parte: são apenas 10 minutos por semana para eliminar água parada, passar esponja nos pratinhos de planta e bebedouros de animais, tratar os ralos, entre outras ações”, explica Ana Paula Valeiras, diretora de Vigilância em Saúde.

O mais importante é não deixar o mosquito chegar à fase adulta, quando as fêmeas se reproduzem, picam pessoas infectadas e contaminam outras. As armadilhas são equipamentos que auxiliam o poder público a identificar os locais em que mais há infestação de mosquitos na fase adulta e, assim, direcionar esforços para aquele local. Quando ocorre a captura de cinco ou mais fêmeas de Aedes na armadilha, ela é sinalizada pela cor vermelha no mapa, que está disponível para qualquer cidadão no Santos Portal. Nas últimas semanas, grande parte do território santista aparece na cor vermelha, causando preocupação, uma vez que a doença e os mosquitos-fêmea do Aedes aegypti estão em circulação.

Vacina contra dengue

A vacina contra a dengue está disponível nas policlínicas de Santos de segunda a sexta-feira, das 9 às 16h, e aos sábados, das 9h às 15h30, nas unidades informadas às sextas-feiras nos canais de comunicação oficiais da Prefeitura. O público-alvo, determinado pelo Ministério da Saúde (MS), são as crianças e jovens de 10 a 14 anos. Para a cobertura vacinal completa, são necessárias duas doses, com intervalo de três meses entre elas.

Quem deixou passar mais tempo entre as doses, pode procurar qualquer unidade para regularizar a vacinação. Não é necessário recomeçar o esquema vacinal. Ainda está baixa a cobertura vacinal contra a dengue: apenas 14,19% do público-alvo já tomou as duas doses. Por recomendação do Ministério da Saúde, o imunizante só pode ser aplicado dentro da unidade de saúde.

O secretário informou que está em curso uma parceria com a Secretaria Municipal de Educação para sensibilizar os responsáveis. A iniciativa pode ser replicada também para escolas estaduais e privadas. “É necessário acabar com qualquer desinformação em relação à vacina, que é eficaz e segura. As crianças e jovens, por terem tido menos contato com o vírus da dengue, estão mais suscetíveis”, explica o secretário.

Também transmitida pelo Aedes aegypti, a chikungunya segue em circulação em Santos, embora em escala menor: três casos foram registrados em 2025. Mas diferentemente da dengue, em que a pessoa é acometida uma vez na vida por cada um dos subtipos, a chikungunya pode ser adquirida mais vezes, pois não há criação de anticorpos de forma permanente pelo organismo. Não há casos de zika em Santos desde 2019. Também não há casos de febre amarela urbana.

PRINCIPAIS DICAS

• Verifique se há água parada em vasos e pratos de plantas

• Pias – verificar vazamentos e manter ralo vedado

• Ralos no chão – tampá-los com tela, caso não sejam do tipo abre e fecha. Aplicar água sanitária duas vezes por semana

• Bandeja externa de geladeira – verificar se há acúmulo de água, limpar e manter seca

• Vaso sanitário e caixas de descarga – manter tampados

• Calhas e lajes – caso não seja possível verificar se acumulam água, procurar identificar sinais de umidade. Em caso afirmativo, providenciar a resolução do problema

• Caixas d’água – verificar a condição das tampas. Solicitar a reposição daquelas ausentes ou quebradas

• Fontes ornamentais, bebedouros de animais domésticos, piscinas – verificar a presença de organismos vivos dentro da água. Fazer limpeza regularmente

ESTRATÉGIAS DE SANTOS AO ENFRENTAMENTO AO AEDES AEGYPTI – ANO INTEIRO

• Casa a Casa – programa de visitação de rotina aos imóveis

• Mutirão – varredura realizada semanalmente em algum bairro da Cidade

• Imóveis especiais e pontos estratégicos – locais visitados mensalmente

• Imóveis especiais: grande circulação de pessoas – escolas, hotéis, shopping centers

• Pontos estratégicos: mais risco de criadouros – borracharias, oficinas, ferros-velhos, cemitérios, obras

• Nebulização – aplicação de inseticida no entorno da residência de pessoa infectada para combater o mosquito já na fase adulta, quando está transmitindo as doenças

• Armadilhas – Santos possui 481 armadilhas distribuídas por toda a Cidade, monitoradas semanalmente, que mostram o índice de infestação de mosquito no local

• Acompanhamento epidemiológico – notificação e investigação de todos os casos de doenças transmitidas pelo Aedes pela Vigilância Epidemiológica

• Atividades Educativas – atividades educativas nas ruas, escolas, palestras em empresas e instituições, pedágios em diferentes pontos da Cidade, participação em eventos, estandes temáticos e reuniões em condomínios

• Monitoramento com drones em locais de difícil acesso

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