Política

Lula puxa Tarcísio para fora do bolsonarismo

O clima descontraído da cerimônia que colocou o presidente Lula e o governador Tarcísio de Freitas no mesmo palanque indica um retorno civilizatório da política brasileira e uma possibilidade de escanteamento do radicalismo de extrema-direita.

Ao confirmarem a parceria entre os governos federal e estadual para a construção de um túnel ligando Santos e Guarujá, Lula e Tarcísio ressaltaram que é possível (e necessário) pensar diferente e, ao mesmo tempo, trabalhar junto.

“Não importa ter opinião diferente. O que importa é enxergar o verdadeiro interesse público, fazer a diferença pelo cidadão. Interessa deixar um legado e nós vamos deixar um legado, e vamos trabalhar juntos. Muito obrigado, presidente Lula”, disse Tarcísio.

O presidente Lula classificou o momento como um “ato civilizatório”.

“Mais do que o anúncio de dinheiro para o Porto de Santos, este ato aqui significa que nós precisamos restaurar neste país a normalidade. E a normalidade é a gente respeitar o direito à diferença”, afirmou.

“Nós disputamos com o Tarcísio e perdemos as eleições. Não dá para querer dar um golpe em São Paulo, invadir os prédios em São Paulo. Não! É voltar para casa, se preparar, e disputar outra vez. E respeitar o direito do exercício da função de quem ganhou as eleições. Porque senão a democracia fica capenga. E a democracia é o respeito à diversidade. É a gente aprender a conviver com quem a gente não gosta, mas a gente respeita o direito da pessoa não gostar da gente. E a gente também não é obrigada a gostar das pessoas”, disse o presidente.

Os tons dos discursos deixam extremamente clara a diferença entre Tarcísio de Freitas e Jair Bolsonaro. O governador paulista é um conservador convicto, mas completamente diferente do ex-presidente, cuja trajetória política é marcada pela intolerância, o ódio e a incapacidade de estabelecer diálogos — principalmente com quem pensa diferente dele.

Desde que foi anunciado como candidato ao Governo do Estado, Tarcísio vem caminhando por uma corda bamba: o desafio de se distanciar do bolsonarismo e, ao mesmo tempo, não receber e pecha de traidor.

Ao estabelecer uma parceria institucional com Lula, Tarcísio deixa claro que é possível permanecer conservador e, ao mesmo tempo, ejetar o radicalismo.

Tarcísio não vai “voltar para o PT”, como pediu um militante de esquerda engraçadinho, mas ao que parece está vendo uma escotilha aberta para escapar do bolsonarismo.

E, se fizer isso, verá aberto um amplo horizonte no cenário eleitoral brasileiro.

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