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Em 2020, Bolsonaro recusou a compra de 400 milhões de doses de vacina contra Covid-19

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, recebeu em 2020 a oferta de 400 milhões de vacinas de diversos laboratórios, mas as recusou. Butantan, Pfizer e Covax Facility ofereceram doses, mas presidente não quis.

Foi na época em que Jair Bolsonaro buscou desqualificar a Coronavac (a “vachina”, que hoje é responsável por 90% da imunização feita no Brasil) e disse que quem tomasse vacina da Pfizer poderia “virar jacaré”. Os erros foram muito maiores. Estas recusas estão fartamente documentadas:

1. Não reservou vacinas

Em maio do ano passado, havia 114 pesquisas de vacinas cadastradas na Organização Mundial da Saúde, dez destas mais promissoras e já na fase de testes. Entre elas, ModeRNA, Novavax, Coronavac, Pfizer, AstraZeneca, Sputinik e Soberana. Vários países (como Chile, Colômbia, Reino Unido e integrantes da União Europeia) assinaram acordos e garantiram prioridade na aquisição de doses, assim que as vacinas fossem aprovadas pelos órgãos de regulamentação. O Brasil não fez este movimento.

2. Baixa adesão ao Covax Facility

O Brasil tinha o direito de adquirir até 212,5 milhões de doses do consórcio Covax Facitilty, uma iniciativa da OMS para garantir a vacinação em países mais pobres, quantidade suficiente para imunizar metade da população. O governo federal decidiu pela aquisição de apenas 42,5 milhões de doses. Aliás, o então ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, trabalhou o tempo todo contra este acordo, por ser contra o que ele chama de “globalismo”.

3. Recusou 70 milhões da Pfizer

Em três oportunidades (a primeira em 15 de agosto de 2020), a Pfizer ofereceu 70 milhões de doses ao governo brasileiro. O presidente Jair Bolsonaro recusou, alegando que o contrato (aceito por todos os governos dos outros países) era “draconiano”.

4. Recusou 160 milhões da Coronavac

O Instituto Butantan ofereceu 160 milhões de doses da Coronavac para o Ministério da Saúde em três oportunidades, em 30 de julho, 18 de agosto e 7 de outubro. Nunca obteve resposta. No dia 19 de outubro, o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, assinou a contratação de 46 milhões de doses. No dia seguinte, o presidente Bolsonaro mandou cancelar. “O presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade”.

Bolsonaro oferece cloroquina para ema

Presidente preferiu recomendar cloroquina

Desde o início da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro não acreditou a eficácia de vacinas para conter a pandemia. Primeiro, disse que o próprios sistema imunológico do brasileiro seria capaz de combater a doença. “O brasileiro mergulha no esgoto e não acontece nada”, disse em 26 de março de 2020.

Se tivesse apostado nas vacinas, o presidente poderia ter determinado a construção de fábricas de vacina. Em São Paulo, o governador João Doria iniciou em novembro a construção de uma fábrica do Instituto Butantan com capacidade para produzir 100 milhões de doses por ano. A obra terá um custo de um custo de R$ 160 milhões, sendo R$ 130 milhões doados por 24 empresas. A previsão é que fique pronta em setembro.

Com a capacidade de aporte de recursos do governo federal, o presidente poderia, por exemplo, ter determinado a construção de quatro fábricas, na metade do tempo, o que permitiria boa parte dos brasileiros já estarem vacinados. Após a imunização completa da população, o país poderia exportar doses para os outros países. Mas Bolsonaro preferiu recomendar cloroquina.

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