Cena da peça "Abajur lilás"
Cena da peça "Abajur lilás", de Plínio Marcos. Foto: Dalton Valeiro/Divulgação
Política

Eles fingiram que não notaram o abajur lilás

Pode-se gostar ou não do estilo e das ideias de Ciro Gomes, mas é inegável como ele foi preciso ao definir o comportamento do ex-juiz (agora ex-ministro e ex-cotado para uma vaga no STF) Sérgio Moro. “Moro passou um ano e quatro meses na luz difusa do abajur lilás, e só depois percebeu que estava cercado de prostitutas”.

Ao aceitar o cargo, Moro desprezou todo o histórico do presidente e seus filhos: rachadinha, fraude no reembolso do combustível, funcionários-fantasmas no gabinete, embolso indevido de auxílio-moradia… sem falar das opiniões esdrúxulas.

No cargo, Moro teve que engolir desaforos, desautorizações, fazer vistas grossas para o comportamento do chefe, sabotagem a seus projetos e as denúncias de ilegalidades que envolvem os filhos do presidente.


Outra que parece não ter percebido o abajur lilás no prostíbulo onde se meteu é a atriz Regina Duarte. Desde antes de assumir o cargo, ela já sabia que o governo era um antro de terraplanistas e reacionários, radicais de ultra-direita, pouco familiarizados com a ciência.

Agora, Regina prova do veneno da serpente que ajudou a alimentar. Na visão bolsonarista, não basta ser sacada do cargo, ela precisa ser humilhada.

Outros que estão na linha de tiro, sem nenhum trocadilho, são os militares. Provavelmente, perceberam desde o primeiro dia de governo a enrascada que foi aceitar fazer parte de um governo liderado por um militar expulso do Exército por insubordinação. Acharam que poderia trocar abajur e os frequentadores do recinto. Erraram feio e agora vão ter que conviver com o pessoal do Centrão no governo.

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